21/09/2008

Estórias da História


BAILE DAS CAIXAS

..........vieram-me à ideia os bailes das Caixas. Foi o mesmo que andar 30 anos ou mais para trás, que saudade.

O famoso "Baile das Caixas", era um dos locais de culto da minha geração de sesimbrenses. Íamos como podíamos, mas chegava-se sempre lá.

Na porta encontrávamos o dono do baile, o Sr. Zé Carlos que correspondia ao que hoje se chama de "animador cultural". Digamos que tinha uma "Empresa de Eventos", tão em moda hoje em dia. Pagava-se o bilhete e pronto, a porta escancarava-se.

Lá dentro o conjunto musical tocava como podia e sabia, sempre ao ritmo dos êxitos mais que repescados, das melodias que faziam com que se dançasse.

Elas sentadas ao lado das mães, todas trajando o melhor que iam encontrando no guarda-vestidos, ostentando os melhores brincos, colares e todos os acessórios que a ocasião impunha.
Nós de pé, claro, aprumados, bem vestidinhos, calça vincada, camisinha de ir ao baile, sapato engraxado, penteado a condizer, bem barbeados, um after-shave com odor intenso.

Aí estávamos nós, quais predadores que esperam a vítima.
Encostados ao fundo do salão, soltávamos aquele gesto com a cabeça, universal, de - "a menina dança?" e aguardávamos que a mãe dela, depois de uma primeira inspecção, anuísse.
Se fosse sim, era o atravessar do salão, o peso desaparecia em cima dos pés, não fosse outro chegar primeiro.

Depois de um breve sorriso de cumplicidade, havia que trabalhar...mão direita nas costas do feminino par, mão esquerda agarrando a esquerda dela e a cabeça muito direita, na vertical, começava-se aí. Depois, bem, depois havia que tentar, tentar agradar, tentar encostar, tentar que a mãe, os irmãos, a familia não descortinasse qualquer abuso. Se fossemos correspondidos...melhor, voltava-se sempre, se não, era certo e sabido, a tampa era certa na próxima série musical.

De vez enquanto lá vinha o "damas ao bufete", o "chocolate", era mais uma oportunidade de aproximação à eleita daquele baile.

Entre uma cervejinhas, umas sandes, uma bifanas, lá se passando aquele tempo mágico.
Depois era o regresso Sesimbra, não antes do pão quente que se consumia na padaria em frente, também do mesmo dono do Salão de Baile, qual magnata do negócio da noite nas Caixas, é que além disso ainda tinha o mini-mercado, também em frente, de onde saía tudo o que se consumia lá no buffet do local da festança.

A foto das maçãs da Azoia trouxe-me estas lembranças, fizeram-me lembrar alguém que dançava comigo numa dessas noites, ao mesmo tempo que deglotia uma maçã da Azoia

in blog : http://pexito.blogspot.com


Recebi há dias um comentário, mas ainda não tinha tido tempo de responder a ele:

De facto eu não vivo em Alfarim. Conheço Alfarim há apenas seis anos e meio. Se tivesse lido o que tenho vindo a publicar repararia que sou apenas uma pessoa que gosta da terra. Nada mais.

Por essa razão não sabia que o pai do Quim Zé, se chamava Zé Carlos.

Pelos vistos confirma-se que o actual edificio ao lado da Bomba de gasolina era o edificio do Bailarico.

E se fizessemos um baile em homenagem ao Sr. Zé Carlos, 30 anos depois????

2 comentários:

Tiago Ezequiel disse...

Boas...
O edifíco do Baile das Caixas continua lá intacto, é o que está ao lado da bomba e gasolina, não foi destruído....hoje em dia é utilizado como armazém do mini-mercado que está em frente, o tal chamado de "Quim Zé" que é o filho do Sr. Zé Carlos que já faleceu à alguns anos...
Só acho estranho como é que você que diz que mora à tantos anos em Alfarim tem dúvidas e nem sabe essas questões que pergunta...é curioso...mas parece que já não vem cá a alguns anos...

Tiago Ezequiel disse...

O Restaurante na Lagoa de Albufeira de nome Praia Mar, o que está actualmente mais perto da boca da Lagoa pertence a outro filho do Sr.Zé Carlos, que se chama Carlos.
Eu li alguuns dos seus posts, mas não todos e a ideia com que fiquei é de que morava, digamos que não é muito normal, uma pessoa que nem sequer mora cá gostar tanto e falar tanto dela, sim porque eu moro em Alfarim faz agora 30 anos e nunca tinha visto tanto interesse e paixão por alguém que não é filho da terra. E normalmente ouvimos mais vezes a dizerem mal do que bem, hehehe.
Em relação ao bailarico em honrra do Sr. Zé Carlos, isso já é uma questão que terá que ser posta aos seus familiares e à sua esposa que ainda é viva, e que normalmente estão no supermercado do "Quim Zé".