28/08/2008

Gentes de Alfarim



A Agricultura e a Pesca foram desde sempre o meio de subsistência dos habitantes de Alfarim.

A foto acima do texto, pode não pertencer à aldeia de Alfarim, mas ilustra bem uma vivência que se podia ainda ver nos anos 60, e que se perdeu com o progresso.

Hoje será mais dificil cruzarmo-nos com estes momentos de rara beleza, mas não é impossivel.

Basta fazer uns passeios a pé pela região para topar com um mundo rural bem vivo.



Pescadores


... "Da lazarenta Cacilhas à piscosa Sesimbra são seis léguas por estrada atravessada por barrancos, que o tráfego do peixe arruinou. Grupos de pinheiros mansos, ramilhetes de oliveira e, de quando em quando, por um rasgão imprevisto, o esplêndido estuário do Tejo e ao longe Lisboa na moldura de terras a pique cor de barro. Dia de sol - primeiras flores nas árvores. Até próximo de Sesimbra, a estrada segue por terras uniformes cor de giz. Reluz num fundo a chapa de aço da Lagoa. Mais para além, um grande areal indistinto. A certa altura, porém, começa a aparecer à esquerda o dorso formidável da Arrábida e algumas casinhas juntas com lindos nomes artísticos - Quintinha, Santana, Cotovia. Estamos perto. A carripana vai descendo para Sesimbra pela estrada em torcicolos, entre montes que se abrem, um com moinhos afadigados lá no alto, outro com o castelo em ruínas como um queixal cariado. A vila em baixo fica aconchegada no regaço dos montes que a amparam e desce-lhes até aos pés... "



Raul Brandão
(Os Pescadores – 1923




Pesca – A Arte da Xávega

Método de pesca introduzido durante a presença àrabe na região.
É uma pesca feita em cerco, em que o barco que transporta a rede sai da praia, onde está fixo um dos cabos da rede e, num movimento circular, lança-a ao largo trazendo para terra o outro cabo.

Quando volta à praia, os pescadores distribuem-se pelos dois cabos e puxam a rede ao mesmo tempo.

A arte, também conhecida por “Chincha”, conserva um costume antigo: os pescadores aceitam ajuda de qualquer pessoa para puxar as redes para terra e recompensam esse apoio com um quinhão da pescaria. Carapau, sargo, choco, lula, robalo e dourada são algumas das espécies mais capturadas por esta arte tradicional.

Embora não tenha hoje o peso económico de outros tempos, a Xávega constitui um marco cultural na identidade sesimbrense e é um pólo de atracção turística.

Pode ver este tipo de pesca diáriamente de 2ª a 6ª feira mesmo durante o verão, na Praia dos Moinhos de Baixo.

As redes são puxadas com o auxilio de tractores, mas a essência da pesca está lá toda.

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